Que semana absurda. Logo no meio dela, em plena quarta-feira, preciso cruzar a cidade pra provar docinhos. DOCINHOS! Seria bom se não fosse o caos do trânsito. E da semana. E de tudo.
Como se já não bastasse o trânsito pro trabalho, o trânsito pro médico, o trânsito pro inferno!
Peguei carona com meu pai bem cedinho. Ele estava indo para o colégio onde passei todo o meu ensino médio, e chegar lá já era metade do caminho.
Entramos.
Eu não lembrava que era tão grande assim.
Tudo tão igual e tudo tão diferente.
O ensino fundamental tinha mudado de lugar. Mas a cantina continuava lá.
Passamos pelas quadras que davam no ensino médio. Chegamos onde passei os 3 anos mais rápidos da minha vida, mesmo que na época eu achasse que tinha uma eternidade em cada dia.
Tinha trânsito até dentro do colégio, como antes também tinha. Mas o trânsito que eu mais prestava atenção eram dos novos alunos até o prédio do ensino médio, que agora estava todo reformado. Preto e amarelo, destoando da paleta azul e branca que é do colégio e que era da mina época.
Da minha época.
Parece que foi ontem, mas já faz quase 10 anos que eu acordava às 5h para colocar a farda, calçar meu all star e pegar a mochila de quem iria passar mais de 8h no mesmo local. E encontrar as mesmas pessoas maravilhosas. E me estressar achando que, que se eu não passasse de primeira no vestibular, tudo estaria acabado.
O trânsito era minha última preocupação.
Principalmente porque, na volta pra casa, provavelmente eu iria encontrar ele, que pegaria o mesmo ônibus que eu. Não todos os dias, mas quase todos os dias.
Voltar pra cá é voltar para um passado muito gostoso de adolescente. Quando a gente vê problemas pequenos como se fossem enooooormes.
Mas na verdade, somos nós que ainda não crescemos o suficiente, e acabamos vendo tudo de uma perspectiva diferente da realidade.
Agora estou me perguntando se todo esse trânsito é realmente um problemão. Se eu realmente deveria estar estressada por cruzar a cidade para provar os docinhos do meu casamento. De um casamento que começou aqui por perto, no meio de um trânsito de volta.
Pois é… Quando estamos no meio do caos do presente e do futuro, o retorno ao passado acalma.
Esse lugar seguro, que estará sempre lá, nos lembrando de quem queríamos ser e de quem somos hoje. Esse encontro de eu’s faz bem pra gente.
E esse encontro com o que já foi, com certeza vai deixar o que será mais gostoso. É isso que fico desejando no caminho dos docinhos.
Entre músicas e reflexões…
…escolhi uma música
Recomendo fortemente que você escute essa música hoje. Com calma. Se deliciando com cada verso.
Ela tem uma certa relação com o Azulejo de hoje, te lembrando que se a gente mudar o ângulo, a nossa visão sobre a vida também muda. E isso muda nosso dia.
Inspiração do Azulejo
O Azulejo de hoje nasceu de uma conversa rápida com uma amiga minha do colégio, que realmente vai se casar no final deste ano com o mesmo cara que ela também encontrou no ônibus de volta pra casa várias vezes quando estávamos no ensino médio.
Hoje, ela pegou carona com o pai até o nosso antigo colégio pra fazer alguma coisa que eu não sei (e nem é da minha conta, mas espero que ela me conte depois de ter visto essa crônica). Vi no Instagram que ela passou por lá, e fiquei intrigada em como muita coisa tinha mudado.
Outro ponto de inspiração: eu sempre odiei o trânsito de Recife, por isso esse ódio está levemente destilado aqui. Entretanto, reconheço que o trânsito tinha suas vantagens: eu e minha família sempre encontramos diversas maneiras de nos divertíamos enquanto estávamos presos ali, tentando chegar em algum lugar.
Além disso, o “trânsito de volta” sempre tem uma energia diferente. De volta de uma viagem, de volta pra casa, ou de volta pra o passado. Concorda?